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Golpe do Falso Advogado: Entenda, Identifique e se Proteja

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Imagem gerada por Inteligência Artificial

O chamado golpe do falso advogado deixou de ser um episódio isolado e tornou-se um problema recorrente no Brasil. A fraude explora um ponto sensível: a confiança que cidadãos depositam em profissionais do Direito e a ansiedade natural em torno de processos judiciais, precatórios, RPVs e indenizações. Criminosos se passam por advogados, funcionários de escritórios ou representantes do Judiciário para induzir transferências via Pix, coleta de dados pessoais e pagamentos de supostas taxas. A operação é cada vez mais sofisticada, combinando engenharia social com uso de informações reais sobre ações em curso, o que dá verossimilhança ao contato.

O que é e por que cresce

Trata-se de um estelionato no qual o golpista adota identidade de advogado ou de integrante de escritório, geralmente com nome e número de registro que pertencem a um profissional verdadeiro. Para convencer a vítima, utiliza dados de processos, imagens de documentos forjados e linguagem técnica. A expansão do golpe decorre de três fatores principais: ampla exposição de dados sensíveis, facilidade de contato por aplicativos de mensagens e rapidez de liquidação de pagamentos instantâneos. Em combinação, esses elementos reduzem o tempo de reação da vítima e ampliam a taxa de sucesso da fraude.

Como os criminosos operam

A sequência típica segue um roteiro conhecido. Primeiro, há a coleta de dados, muitas vezes por meio de bases públicas, vazamentos ou perfis nas redes sociais. Em seguida, ocorre o contato dirigido, quase sempre por WhatsApp ou telefone, no qual o estelionatário se apresenta como o advogado constituído ou alguém do escritório “em nome do doutor”. Para dar aparência de legitimidade, compartilha peças processuais adulteradas, timbres, brasões e “tabelas de cálculos” com valores a receber. Por fim, chega o pedido de pagamento antecipado sob justificativas como “taxa de desbloqueio”, “emolumentos finais”, “custas cartorárias” ou “regularização fiscal”, exigindo pagamento urgente para “não perder o prazo”.

Sinais de alerta mais comuns

  • Urgência insistente: pressão para pagar “ainda hoje” ou “em minutos” para evitar perda de valores.
  • Comunicação por número desconhecido: novo telefone dizendo ser do mesmo advogado, sem confirmação prévia.
  • Solicitação de Pix para contas de terceiros: pedido para transferir a pessoas físicas ou empresas sem vínculo formal.
  • Documentos perfeitos demais: ofícios, sentenças e cálculos com aparência oficial, porém com erros sutis ou dados conflitantes.
  • Pedido de dados bancários e compartilhamento de tela: tentativa de coletar senhas, tokens e autorizações remotas.
  • Linguagem técnica fora de contexto: termos jurídicos usados como “cenário de fumaça” para confundir e apressar a decisão.

Como se proteger: verificação em camadas

A defesa eficaz combina prudência e verificação ativa. Adote um protocolo simples e repetível sempre que receber contatos sobre valores judiciais.

  • Valide a identidade: confirme com antecedência um canal oficial com seu advogado (telefone fixo, e-mail institucional ou recepção do escritório) e use-o sempre para retornar ligações suspeitas.
  • Confirme a narrativa: peça o número do processo, a vara e os supostos atos recentes; depois, valide diretamente por um canal institucional do Judiciário ou com o próprio escritório.
  • Desconfie de adiantamentos: advogado sério não solicita depósito via Pix para “liberar” valores de processo. Honorários seguem contrato e são pagos ao CPF do profissional ou CNPJ do escritório.
  • Proteja seus dispositivos: não compartilhe tela, não instale aplicativos de acesso remoto e nunca envie tokens, senhas ou códigos de verificação.
  • Controle emocional e tempo: golpistas dependem da pressa. Interrompa a conversa, anote dados e verifique com calma antes de qualquer ação.

O que fazer se você foi vítima

  • Aja imediatamente: contate o banco para tentar bloquear transações e registrar contestação; quanto antes, maior a chance de recuperação.
  • Reúna provas: guarde mensagens, áudios, números usados, comprovantes de transferências e quaisquer documentos recebidos.
  • Registre ocorrência: formalize boletim de ocorrência e informe os detalhes do golpe e os dados das contas destinatárias.
  • Notifique seu advogado real: comunique o escritório legítimo para que ele também alerte outros clientes e ajuste procedimentos internos.
  • Monitore seus dados: altere senhas, ative autenticação em dois fatores e verifique se não houve abertura indevida de contas ou serviços em seu nome.

Boas práticas para escritórios e departamentos jurídicos

  • Política de comunicação: defina, registre e divulgue aos clientes os únicos canais oficiais de atendimento e cobrança.
  • Aviso preventivo: inclua, em contratos e assinaturas de e-mail, cláusula clara informando que não se solicitam adiantamentos por mensagens.
  • Procedimento de confirmação: estabeleça senha ou palavra-chave para validação por telefone em situações sensíveis.
  • Treinamento contínuo: capacite equipe de atendimento sobre sinais de golpe e respostas padrão de contenção.
  • Resposta a incidentes: tenha um roteiro pronto para orientar vítimas, preservar evidências e acionar autoridades.

Casos típicos e lições práticas

Relatos recorrentes mostram padrões repetidos. Em um cenário comum, a vítima recebe mensagem dizendo que sua ação “transitou em julgado” e que há “valor disponível para saque”, mas seria preciso antecipar “emolumentos finais”. A soma pedida é proporcional ao valor prometido, o que confere aparência de lógica. Em outra variação, o golpista afirma ser assistente do advogado e justifica o contato por “indisponibilidade do doutor”. Em ambas as versões, a mensagem vem de número novo e a transferência é exigida com urgência. A lição é inequívoca: sem validação independente, não há pagamento.

Checklist rápido antes de transferir

  • Quem está pedindo o pagamento? Eu validei a identidade por um canal oficial já conhecido?
  • O quê está sendo cobrado? Existe instrumento contratual ou decisão que justifique o valor e a urgência?
  • Para onde o dinheiro vai? O destinatário é o CPF do advogado ou o CNPJ do escritório, ou é um terceiro estranho?
  • Quando é o prazo real? A urgência faz sentido processual ou é apenas pressão psicológica?
  • Como a cobrança foi feita? Mensagem por aplicativo sem confirmação é um forte indicativo de fraude.

Conclusão

O golpe do falso advogado se apoia em dois pilares: informação e velocidade. Os criminosos usam dados reais para construir uma história crível e pressionam para decisões rápidas. O antídoto também tem dois pilares: verificação e tempo. Adote um canal oficial com seu advogado, duvide de urgências, não faça adiantamentos, proteja dispositivos e registre tudo. A prevenção começa com pequenas rotinas de checagem que, somadas, reduzem drasticamente a chance de perda financeira e exposição de dados. Informação clara, protocolos simples e disciplina na execução são as melhores defesas para cidadãos, escritórios e empresas.

Tags: Estelionato Digital, Golpe do Falso Advogado, Prevenção de Fraudes, Segurança Jurídica
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O que é e por que cresce

Trata-se de um estelionato no qual o golpista adota identidade de advogado ou de integrante de escritório, geralmente com nome e número de registro que pertencem a um profissional verdadeiro. Para convencer a vítima, utiliza dados de processos, imagens de documentos forjados e linguagem técnica. A expansão do golpe decorre de três fatores principais: ampla exposição de dados sensíveis, facilidade de contato por aplicativos de mensagens e rapidez de liquidação de pagamentos instantâneos. Em combinação, esses elementos reduzem o tempo de reação da vítima e ampliam a taxa de sucesso da fraude.

Como os criminosos operam

A sequência típica segue um roteiro conhecido. Primeiro, há a coleta de dados, muitas vezes por meio de bases públicas, vazamentos ou perfis nas redes sociais. Em seguida, ocorre o contato dirigido, quase sempre por WhatsApp ou telefone, no qual o estelionatário se apresenta como o advogado constituído ou alguém do escritório “em nome do doutor”. Para dar aparência de legitimidade, compartilha peças processuais adulteradas, timbres, brasões e “tabelas de cálculos” com valores a receber. Por fim, chega o pedido de pagamento antecipado sob justificativas como “taxa de desbloqueio”, “emolumentos finais”, “custas cartorárias” ou “regularização fiscal”, exigindo pagamento urgente para “não perder o prazo”.

Sinais de alerta mais comuns

  • Urgência insistente: pressão para pagar “ainda hoje” ou “em minutos” para evitar perda de valores.
  • Comunicação por número desconhecido: novo telefone dizendo ser do mesmo advogado, sem confirmação prévia.
  • Solicitação de Pix para contas de terceiros: pedido para transferir a pessoas físicas ou empresas sem vínculo formal.
  • Documentos perfeitos demais: ofícios, sentenças e cálculos com aparência oficial, porém com erros sutis ou dados conflitantes.
  • Pedido de dados bancários e compartilhamento de tela: tentativa de coletar senhas, tokens e autorizações remotas.
  • Linguagem técnica fora de contexto: termos jurídicos usados como “cenário de fumaça” para confundir e apressar a decisão.

Como se proteger: verificação em camadas

A defesa eficaz combina prudência e verificação ativa. Adote um protocolo simples e repetível sempre que receber contatos sobre valores judiciais.

  • Valide a identidade: confirme com antecedência um canal oficial com seu advogado (telefone fixo, e-mail institucional ou recepção do escritório) e use-o sempre para retornar ligações suspeitas.
  • Confirme a narrativa: peça o número do processo, a vara e os supostos atos recentes; depois, valide diretamente por um canal institucional do Judiciário ou com o próprio escritório.
  • Desconfie de adiantamentos: advogado sério não solicita depósito via Pix para “liberar” valores de processo. Honorários seguem contrato e são pagos ao CPF do profissional ou CNPJ do escritório.
  • Proteja seus dispositivos: não compartilhe tela, não instale aplicativos de acesso remoto e nunca envie tokens, senhas ou códigos de verificação.
  • Controle emocional e tempo: golpistas dependem da pressa. Interrompa a conversa, anote dados e verifique com calma antes de qualquer ação.

O que fazer se você foi vítima

  • Aja imediatamente: contate o banco para tentar bloquear transações e registrar contestação; quanto antes, maior a chance de recuperação.
  • Reúna provas: guarde mensagens, áudios, números usados, comprovantes de transferências e quaisquer documentos recebidos.
  • Registre ocorrência: formalize boletim de ocorrência e informe os detalhes do golpe e os dados das contas destinatárias.
  • Notifique seu advogado real: comunique o escritório legítimo para que ele também alerte outros clientes e ajuste procedimentos internos.
  • Monitore seus dados: altere senhas, ative autenticação em dois fatores e verifique se não houve abertura indevida de contas ou serviços em seu nome.

Boas práticas para escritórios e departamentos jurídicos

  • Política de comunicação: defina, registre e divulgue aos clientes os únicos canais oficiais de atendimento e cobrança.
  • Aviso preventivo: inclua, em contratos e assinaturas de e-mail, cláusula clara informando que não se solicitam adiantamentos por mensagens.
  • Procedimento de confirmação: estabeleça senha ou palavra-chave para validação por telefone em situações sensíveis.
  • Treinamento contínuo: capacite equipe de atendimento sobre sinais de golpe e respostas padrão de contenção.
  • Resposta a incidentes: tenha um roteiro pronto para orientar vítimas, preservar evidências e acionar autoridades.

Casos típicos e lições práticas

Relatos recorrentes mostram padrões repetidos. Em um cenário comum, a vítima recebe mensagem dizendo que sua ação “transitou em julgado” e que há “valor disponível para saque”, mas seria preciso antecipar “emolumentos finais”. A soma pedida é proporcional ao valor prometido, o que confere aparência de lógica. Em outra variação, o golpista afirma ser assistente do advogado e justifica o contato por “indisponibilidade do doutor”. Em ambas as versões, a mensagem vem de número novo e a transferência é exigida com urgência. A lição é inequívoca: sem validação independente, não há pagamento.

Checklist rápido antes de transferir

  • Quem está pedindo o pagamento? Eu validei a identidade por um canal oficial já conhecido?
  • O quê está sendo cobrado? Existe instrumento contratual ou decisão que justifique o valor e a urgência?
  • Para onde o dinheiro vai? O destinatário é o CPF do advogado ou o CNPJ do escritório, ou é um terceiro estranho?
  • Quando é o prazo real? A urgência faz sentido processual ou é apenas pressão psicológica?
  • Como a cobrança foi feita? Mensagem por aplicativo sem confirmação é um forte indicativo de fraude.

Conclusão

O golpe do falso advogado se apoia em dois pilares: informação e velocidade. Os criminosos usam dados reais para construir uma história crível e pressionam para decisões rápidas. O antídoto também tem dois pilares: verificação e tempo. Adote um canal oficial com seu advogado, duvide de urgências, não faça adiantamentos, proteja dispositivos e registre tudo. A prevenção começa com pequenas rotinas de checagem que, somadas, reduzem drasticamente a chance de perda financeira e exposição de dados. Informação clara, protocolos simples e disciplina na execução são as melhores defesas para cidadãos, escritórios e empresas.

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