Business, Innovation, Tecnologia

Busca por IA Novos Negócios: como empresas brasileiras estão investindo em inteligência artificial para criar oportunidades

By

88

Share

Share

Imagem gerada por Inteligência Artificial

A corrida pela inteligência artificial (IA) ganhou velocidade nos últimos anos e, no Brasil, ela deixou de ser um tema restrito a grandes grupos de tecnologia. Empresas de todos os setores e tamanhos enxergam a IA como um fator estratégico capaz de abrir novos mercados, otimizar processos e gerar diferenciais competitivos. A expressão “Busca por IA Novos Negócios” sintetiza o movimento de organização interna, pesquisa e investimento que se espalhou pelas companhias, grandes ou pequenas, que buscam adaptar‑se a uma economia cada vez mais digital. Este artigo analisa os dados mais recentes sobre adoção de IA no Brasil, discute os desafios que surgem na fase de implementação e apresenta tendências e exemplos práticos que podem inspirar novos negócios.

Contexto global e posicionamento do Brasil

A inteligência artificial está na agenda de CEOs e governos em todo o mundo. A popularização da IA generativa – representada por modelos como ChatGPT, Gemini e Claude – e a aceleração da automação de tarefas repetitivas renovaram o interesse de investidores e empreendedores. No Brasil não é diferente. O país passou a ser reconhecido como um mercado que tende a adotar novas tecnologias de forma rápida quando os benefícios tornam‑se claros. Segundo a pesquisa Global CEO Survey da PwC, divulgada em 21 de janeiro de 2024, um terço dos CEOs brasileiros e globais relatou que a IA generativa contribuiu para aumentar receita e lucratividade em 2024. Mesmo assim, 45% desses líderes acreditam que suas empresas não serão viáveis nos próximos dez anos se não reinventarem seus modelos de negócio. O mesmo estudo indica que apenas 8% da receita das empresas brasileiras, nos cinco anos anteriores, veio de novos negócios, o que mostra um espaço expressivo para inovação.

O otimismo dos executivos contrasta com a sensação de urgência. O levantamento da PwC revelou que 68% dos CEOs no Brasil esperam crescimento econômico nos próximos 12 meses, mas enxergam a necessidade de reinventar processos para aproveitar esse cenário. Outros estudos reforçam a disposição de investir: em 4 de julho de 2025, uma pesquisa da IBM conduzida em parceria com a Morning Consult mostrou que 78% das empresas brasileiras pretendem aumentar investimentos em IA até o final de 2025, enquanto 95% dessas organizações relatavam progresso em suas estratégias de IA em 2024. Este movimento acompanha a previsão da consultoria IDC de que os gastos com IA no país crescerão 30% em relação a 2024, ultrapassando US$ 2,4 bilhões. Esses dados colocam o Brasil em destaque no contexto latino‑americano e apontam que a adoção de IA já não é mais uma tendência distante, mas uma realidade em expansão.

Panorama de adoção de IA nas empresas brasileiras

Embora a pesquisa da IBM aponte um interesse generalizado em investir na tecnologia, o grau de maturidade das empresas brasileiras ainda é desigual. O estudo Panorama IA 2025, conduzido pela TOTVS em parceria com a consultoria h2r insights & trends e divulgado em 17 de junho de 2025, analisou 194 empresas e revelou que metade (50%) ainda não utiliza a IA de forma estruturada, sugerindo um vasto campo de crescimento e transformação. Entre as organizações que já adotam IA em seus negócios, 71% declararam estar em estágios iniciais de implementação; 25% afirmaram estar em um nível intermediário – com iniciativas em desenvolvimento, mas ainda não maduras –; e apenas 4% consideraram sua adoção avançada. Essa distribuição de maturidade mostra que o entusiasmo com a IA ainda não se traduziu, em muitos casos, em projetos robustos e escaláveis.

Cristiano Nobrega, Chief Data & AI Officer da TOTVS, explicou que a maioria das empresas vê a IA como um apoio operacional e não como catalisador de transformação. A pesquisa TOTVS detalhou os principais usos da IA nas empresas brasileiras, destacando a força da IA generativa: 33% usam a tecnologia para geração de conteúdo, 29% para criação de elementos visuais e 21% para aplicações de cibersegurança. Chatbots ocupam 20% dos casos de uso. As soluções de IA conversacional, como ChatGPT, Gemini e Claude, dominam o cenário: 40% das empresas entrevistadas relataram utilizar essas ferramentas. Plataformas com IA integrada, em que os recursos estão embutidos em softwares corporativos, aparecem em 33% dos casos.

Os dados revelam ainda uma percepção limitada do valor estratégico da IA. Apenas 20% das empresas veem a tecnologia como um elemento essencial para o negócio, enquanto 42% consideram a IA pouco alinhada aos objetivos estratégicos. Somente 7% das empresas registraram retorno sobre investimento (ROI) a partir da implementação e uso de IA, e 93% não utilizam nenhuma métrica clara para mensurá-lo. A baixa mensuração de ROI reforça a necessidade de estabelecer indicadores e critérios de sucesso para que a IA deixe de ser um experimento pontual e passe a integrar a estratégia de negócio.

Crescimento do investimento e retorno esperado

Mesmo com a adoção ainda em fase inicial para boa parte das empresas, o ritmo de investimentos deve se acelerar. Outros relatórios reforçam a tendência. Segundo a TOTVS, 50% das companhias que atuam no país não utilizam IA, mas há forte intenção de mudança. Os executivos planejam ampliar o uso de tecnologias como computação em nuvem gerenciada (58%) e software de código aberto (50%). A previsão da IDC de crescimento de 30% nos gastos em IA para 2025 sugere que as organizações estão dispostas a investir em infraestruturas mais robustas e em plataformas que permitam escalar soluções de IA generativa e algoritmos avançados.

O interesse renovado também está associado à expectativa de retorno financeiro. No estudo da IBM, 48% das empresas brasileiras já observavam retorno positivo sobre os investimentos em IA em 2024. Esse percentual contrasta com os 7% das empresas entrevistadas no Panorama IA 2025 que conseguem mensurar ROI. A divergência se explica pelo perfil das amostras: a pesquisa da IBM ouviu 2.400 tomadores de decisão de TI em 13 países e incluiu organizações de grande porte, mais propensas a investir em soluções completas e a ter métricas estruturadas; o estudo da TOTVS analisou empresas de diferentes portes e setores, muitas delas em estágio inicial de adoção.

Além do retorno financeiro, as empresas apontam vantagens competitivas. No relatório da Microsoft sobre micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), publicado em 7 de maio de 2025, 75% das MPMEs brasileiras afirmaram estar otimistas em relação ao impacto da IA em seus negócios. Entre os entrevistados, 77% consideram que a IA agiliza processos e 73% disseram que continuarão investindo ou investirão pela primeira vez na tecnologia. O estudo revelou ainda que 61% das MPMEs já possuem um plano de ação ou metas específicas relacionadas à IA.

IA em micro, pequenas e médias empresas

As micro, pequenas e médias empresas constituem a base da economia brasileira e muitas delas veem na IA uma oportunidade de otimizar operações e competir com grandes players. O estudo da Microsoft destacou que 77% dos tomadores de decisão em MPMEs observam melhoria na qualidade do trabalho após adoção de IA, 76% percebem aumento de produtividade e 70% acreditam que a tecnologia melhora a satisfação dos clientes. Além disso, 65% mencionaram impacto positivo na motivação e engajamento dos colaboradores. Esses benefícios resultam de aplicações simples, como assistentes virtuais para atendimento ao cliente (73%), pesquisas de internet (66%) e serviços personalizados (65%).

A familiaridade com a tecnologia é alta: cerca de 52% dos tomadores de decisão de MPMEs declararam estar extremamente ou muito familiarizados com IA. O movimento de investimento é liderado pelas empresas pequenas (10 a 99 funcionários), com 85% pretendendo investir ou ampliar investimentos em IA; nas microempresas (1 a 9 funcionários), o índice é 71%, enquanto nas médias (100 a 249 funcionários) é 64%. Esses dados revelam que a IA deixou de ser domínio exclusivo de grandes grupos e passou a integrar a agenda estratégica de organizações que buscam inovação e crescimento.

Visão dos CEOs e a reinvenção dos modelos de negócio

Embora as pesquisas mostrem entusiasmo e planos de investimento, os CEOs parecem conscientes de que a tecnologia por si só não garante sucesso. Na edição 2024 da pesquisa Global CEO Survey, a PwC destacou que um terço dos CEOs no Brasil e no mundo afirmam que a IA generativa contribuiu para aumento de receita e lucratividade, mas 45% dos líderes brasileiros acreditam que suas empresas não sobreviverão se não se reinventarem. Em termos de novos negócios, apenas 8% da receita de empresas brasileiras entre 2019 e 2024 provém de iniciativas lançadas nos últimos cinco anos, contra 7% na média global. Essa estatística reforça a necessidade de utilizar a IA para criar produtos e serviços inovadores, em vez de apenas melhorar processos existentes.

Cerca de 30% dos CEOs brasileiros e globais relataram que, nos últimos cinco anos, investimentos com baixo impacto climático resultaram em aumento de receita. A combinação de IA e sustentabilidade aparece, portanto, como uma oportunidade para desenvolver novos negócios que atendam às demandas de consumidores conscientes e requisitos regulatórios. Por outro lado, a falta de mão de obra qualificada foi apontada como a maior ameaça pelos líderes, demonstrando que a formação de profissionais especializados será essencial para sustentar a revolução tecnológica.

Desafios e barreiras à implementação de IA

O Panorama IA 2025 revela obstáculos concretos na expansão da IA. A segurança da informação é o maior desafio: 36% das empresas participantes citaram preocupações com segurança como barreira para adoção. A falta de profissionais qualificados aparece em seguida, mencionada por 35% das companhias. A dificuldade em medir o retorno sobre investimento (ROI) preocupa 32% dos entrevistados; outros fatores incluem resistência dos funcionários à mudança (24%), dificuldade de integração com sistemas existentes (23%) e falta de apoio da liderança (23%).

Outro problema é a desconexão entre a visão estratégica e os projetos de IA em desenvolvimento. Apesar de boa parte das empresas explorar a tecnologia, apenas 20% a consideram essencial para os negócios. Isso sugere que os projetos ainda não estão ancorados em uma estratégia clara e que a IA é vista, muitas vezes, como uma prova de conceito isolada. A disseminação de uma cultura de inovação e a definição de metas estratégicas para IA são, portanto, fundamentais.

Oportunidades e estratégias para novos negócios

Apesar dos desafios, a inteligência artificial oferece oportunidades para criar novos modelos de negócio. Benefícios de integrar a IA à estratégia empresarial incluem redução de custos operacionais, aumento de eficiência, melhoria na tomada de decisões, identificação de novas oportunidades de mercado e desenvolvimento de produtos e serviços inovadores.

Para aproveitar essas oportunidades, especialistas recomendam algumas estratégias:

  • Definir uma visão clara de IA: alinhar a adoção da tecnologia aos objetivos estratégicos da empresa ajuda a priorizar projetos com maior impacto e evita investimentos dispersos.
  • Começar com casos de uso específicos: selecionar problemas concretos, como redução de fraudes ou melhoria de atendimento ao cliente, permite demonstrar valor rapidamente e construir confiança interna.
  • Investir em qualificação e cultura de dados: capacitar colaboradores e incentivar a cultura de experimentação são passos fundamentais para que a IA seja adotada de forma ampla e responsável.
  • Estabelecer métricas e medir o ROI: definir indicadores de sucesso desde o início facilita o ajuste de estratégias e sustenta pedidos de novos recursos.
  • Desenvolver parcerias: colaborar com universidades, startups e provedores de tecnologia pode acelerar a curva de aprendizado e trazer soluções inovadoras para o negócio.

Casos de uso e exemplos práticos

A adoção de IA já transforma diversos setores da economia brasileira. Destacam-se os seguintes exemplos:

Setor financeiro – bancos e fintechs usam IA para análise de crédito, detecção de fraudes e personalização de ofertas. Modelos de machine learning permitem prever a probabilidade de inadimplência e identificar transações suspeitas em tempo real. Ferramentas de atendimento virtual auxiliam clientes a resolver problemas simples com agilidade, reduzindo o custo de atendimento humano.

Varejo e e‑commerce – empresas de varejo utilizam IA para recomendações de produtos, previsão de demanda e otimização de logística. Algoritmos analisam históricos de compra e padrões de consumo para sugerir produtos específicos, aumentando as taxas de conversão. Na logística, soluções baseadas em IA calculam rotas de entrega mais eficientes, reduzem o consumo de combustível e melhoram a experiência do consumidor.

Agronegócio – o setor agropecuário brasileiro incorporou sensores, drones e plataformas de IA para monitorar solos, clima e saúde das plantações. Dados meteorológicos e imagens de satélite auxiliam a identificar o melhor momento para irrigar ou colher, reduzindo custos e aumentando a produtividade. Isso cria oportunidades para startups de agricultura de precisão.

Indústria manufatureira – fábricas integram IA a sistemas de controle de qualidade e manutenção preditiva. Sensores conectados às máquinas monitoram vibração, temperatura e ruído, enquanto algoritmos alertam equipes de manutenção sobre possíveis falhas antes que causem paradas de produção. A IA também ajuda no planejamento de produção, ajustando a capacidade conforme a demanda.

Saúde – hospitais e clínicas exploram IA para diagnóstico assistido, gestão de estoque de medicamentos e triagem de pacientes. Algoritmos treinados com imagens médicas auxiliam médicos na detecção precoce de doenças, enquanto sistemas de aprendizado de máquina organizam dados de pacientes para priorizar atendimentos e alocar recursos de forma eficiente.

Educação – plataformas de aprendizado adaptativo usam IA para personalizar conteúdos, identificar dificuldades dos estudantes e sugerir trilhas de estudo individualizadas. Ferramentas de correção automática de avaliações liberam tempo de professores e permitem feedback imediato aos alunos.

Energia e sustentabilidade – empresas de infraestrutura utilizam IA para gerenciamento inteligente de redes elétricas, previsão de demanda e integração de fontes renováveis. Modelos preditivos analisam padrões de consumo e condições climáticas para ajustar a geração de energia e reduzir desperdícios. Além disso, a IA auxilia em análises de impacto ambiental, apoiando iniciativas sustentáveis.

Esses exemplos mostram que a IA se materializa em produtos e serviços que vão além da automação de processos internos. A combinação de algoritmos, dados e criatividade abre espaço para startups e grandes empresas conceberem soluções que atendam a necessidades emergentes e, ao mesmo tempo, criem novas fontes de receita.

Próximos passos

A adoção de inteligência artificial no Brasil vive um momento de entusiasmo e transição. A maioria das empresas planeja aumentar investimentos em IA nos próximos anos, motivada por expectativas de ganhos de eficiência, redução de custos e abertura de novos mercados. Contudo, ainda há um fosso entre intenção e maturidade: metade das organizações não utiliza IA de forma estruturada e apenas uma minoria consegue mensurar o retorno sobre os investimentos. Desafios como falta de profissionais qualificados, preocupação com segurança e ausência de métricas claras explicam esse descompasso.

Transformar a Busca por IA Novos Negócios em realidade exigirá visão estratégica, capacitação e governança. Empresas que aliarem IA à inovação de produtos e modelos de negócio terão maior chance de conquistar mercados inexplorados. A jornada inclui definir casos de uso relevantes, estabelecer indicadores, investir em talentos e construir parcerias com universidades, startups e provedores de tecnologia. Além disso, é fundamental adotar práticas de IA responsável, respeitando privacidade, ética e transparência.

O cenário brasileiro é promissor. A disposição de investir e a rápida disseminação de tecnologias como IA generativa criam um ambiente fértil para a criação de soluções originais e competitivas. O desafio é converter esse entusiasmo em projetos concretos, sustentáveis e alinhados à estratégia de longo prazo das empresas. As organizações que superarem as barreiras iniciais estarão mais preparadas para liderar a próxima onda de inovação e garantir sua relevância num mercado em constante transformação.

  1. Título: Empresas brasileiras planejam aumentar investimentos em IA e focam nuvem, aponta estudo da IBM
    Veículo: Exame
    URL:
    https://exame.com/
    Data da publicação: 4 de julho de 2025
  2. Título: Panorama IA 2025: 50% das empresas não utilizam IA de forma estruturada
    Veículo: Convergência Digital
    URL: https://www.convergenciadigital.com.br/
    Data da publicação: 17 de junho de 2025
  3. Título: Estudo mostra uso de IA nas empresas brasileiras: 93% não medem ROI
    Veículo: Mundo do Plástico
    URL: https://www.plastico.com.br/
    Data da publicação: junho de 2025
  4. Título: Pesquisa da Microsoft mostra otimismo das MPMEs brasileiras com IA
    Veículo: Microsoft Source (LATAM)
    URL: https://news.microsoft.com/
    Data da publicação:
    7 de maio de 2025
  5. Título: Global CEO Survey 2024: IA generativa aumenta receita, mas CEOs cobram reinvenção
    Veículo: PwC Brasil
    URL: https://www.pwc.com.br/
    Data da publicação: 21 de janeiro de 2024
Tags: IA, Inteligência Artificial, Investimentos, Novos Negócios, Transformação Digital
Publicidade Invisível nas Redes Sociais: Riscos e Soluções
LGPD Transferências Internacionais de Dados (SCCs ANPD): Como o prazo de agosto de 2025 impacta o Marketing Digital
ADVERTISING

Latest News

ADVERTISING
Imagem gerada por Inteligência Artificial

A corrida pela inteligência artificial (IA) ganhou velocidade nos últimos anos e, no Brasil, ela deixou de ser um tema restrito a grandes grupos de tecnologia. Empresas de todos os setores e tamanhos enxergam a IA como um fator estratégico capaz de abrir novos mercados, otimizar processos e gerar diferenciais competitivos. A expressão “Busca por IA Novos Negócios” sintetiza o movimento de organização interna, pesquisa e investimento que se espalhou pelas companhias, grandes ou pequenas, que buscam adaptar‑se a uma economia cada vez mais digital. Este artigo analisa os dados mais recentes sobre adoção de IA no Brasil, discute os desafios que surgem na fase de implementação e apresenta tendências e exemplos práticos que podem inspirar novos negócios.

Contexto global e posicionamento do Brasil

A inteligência artificial está na agenda de CEOs e governos em todo o mundo. A popularização da IA generativa – representada por modelos como ChatGPT, Gemini e Claude – e a aceleração da automação de tarefas repetitivas renovaram o interesse de investidores e empreendedores. No Brasil não é diferente. O país passou a ser reconhecido como um mercado que tende a adotar novas tecnologias de forma rápida quando os benefícios tornam‑se claros. Segundo a pesquisa Global CEO Survey da PwC, divulgada em 21 de janeiro de 2024, um terço dos CEOs brasileiros e globais relatou que a IA generativa contribuiu para aumentar receita e lucratividade em 2024. Mesmo assim, 45% desses líderes acreditam que suas empresas não serão viáveis nos próximos dez anos se não reinventarem seus modelos de negócio. O mesmo estudo indica que apenas 8% da receita das empresas brasileiras, nos cinco anos anteriores, veio de novos negócios, o que mostra um espaço expressivo para inovação.

O otimismo dos executivos contrasta com a sensação de urgência. O levantamento da PwC revelou que 68% dos CEOs no Brasil esperam crescimento econômico nos próximos 12 meses, mas enxergam a necessidade de reinventar processos para aproveitar esse cenário. Outros estudos reforçam a disposição de investir: em 4 de julho de 2025, uma pesquisa da IBM conduzida em parceria com a Morning Consult mostrou que 78% das empresas brasileiras pretendem aumentar investimentos em IA até o final de 2025, enquanto 95% dessas organizações relatavam progresso em suas estratégias de IA em 2024. Este movimento acompanha a previsão da consultoria IDC de que os gastos com IA no país crescerão 30% em relação a 2024, ultrapassando US$ 2,4 bilhões. Esses dados colocam o Brasil em destaque no contexto latino‑americano e apontam que a adoção de IA já não é mais uma tendência distante, mas uma realidade em expansão.

Panorama de adoção de IA nas empresas brasileiras

Embora a pesquisa da IBM aponte um interesse generalizado em investir na tecnologia, o grau de maturidade das empresas brasileiras ainda é desigual. O estudo Panorama IA 2025, conduzido pela TOTVS em parceria com a consultoria h2r insights & trends e divulgado em 17 de junho de 2025, analisou 194 empresas e revelou que metade (50%) ainda não utiliza a IA de forma estruturada, sugerindo um vasto campo de crescimento e transformação. Entre as organizações que já adotam IA em seus negócios, 71% declararam estar em estágios iniciais de implementação; 25% afirmaram estar em um nível intermediário – com iniciativas em desenvolvimento, mas ainda não maduras –; e apenas 4% consideraram sua adoção avançada. Essa distribuição de maturidade mostra que o entusiasmo com a IA ainda não se traduziu, em muitos casos, em projetos robustos e escaláveis.

Cristiano Nobrega, Chief Data & AI Officer da TOTVS, explicou que a maioria das empresas vê a IA como um apoio operacional e não como catalisador de transformação. A pesquisa TOTVS detalhou os principais usos da IA nas empresas brasileiras, destacando a força da IA generativa: 33% usam a tecnologia para geração de conteúdo, 29% para criação de elementos visuais e 21% para aplicações de cibersegurança. Chatbots ocupam 20% dos casos de uso. As soluções de IA conversacional, como ChatGPT, Gemini e Claude, dominam o cenário: 40% das empresas entrevistadas relataram utilizar essas ferramentas. Plataformas com IA integrada, em que os recursos estão embutidos em softwares corporativos, aparecem em 33% dos casos.

Os dados revelam ainda uma percepção limitada do valor estratégico da IA. Apenas 20% das empresas veem a tecnologia como um elemento essencial para o negócio, enquanto 42% consideram a IA pouco alinhada aos objetivos estratégicos. Somente 7% das empresas registraram retorno sobre investimento (ROI) a partir da implementação e uso de IA, e 93% não utilizam nenhuma métrica clara para mensurá-lo. A baixa mensuração de ROI reforça a necessidade de estabelecer indicadores e critérios de sucesso para que a IA deixe de ser um experimento pontual e passe a integrar a estratégia de negócio.

Crescimento do investimento e retorno esperado

Mesmo com a adoção ainda em fase inicial para boa parte das empresas, o ritmo de investimentos deve se acelerar. Outros relatórios reforçam a tendência. Segundo a TOTVS, 50% das companhias que atuam no país não utilizam IA, mas há forte intenção de mudança. Os executivos planejam ampliar o uso de tecnologias como computação em nuvem gerenciada (58%) e software de código aberto (50%). A previsão da IDC de crescimento de 30% nos gastos em IA para 2025 sugere que as organizações estão dispostas a investir em infraestruturas mais robustas e em plataformas que permitam escalar soluções de IA generativa e algoritmos avançados.

O interesse renovado também está associado à expectativa de retorno financeiro. No estudo da IBM, 48% das empresas brasileiras já observavam retorno positivo sobre os investimentos em IA em 2024. Esse percentual contrasta com os 7% das empresas entrevistadas no Panorama IA 2025 que conseguem mensurar ROI. A divergência se explica pelo perfil das amostras: a pesquisa da IBM ouviu 2.400 tomadores de decisão de TI em 13 países e incluiu organizações de grande porte, mais propensas a investir em soluções completas e a ter métricas estruturadas; o estudo da TOTVS analisou empresas de diferentes portes e setores, muitas delas em estágio inicial de adoção.

Além do retorno financeiro, as empresas apontam vantagens competitivas. No relatório da Microsoft sobre micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), publicado em 7 de maio de 2025, 75% das MPMEs brasileiras afirmaram estar otimistas em relação ao impacto da IA em seus negócios. Entre os entrevistados, 77% consideram que a IA agiliza processos e 73% disseram que continuarão investindo ou investirão pela primeira vez na tecnologia. O estudo revelou ainda que 61% das MPMEs já possuem um plano de ação ou metas específicas relacionadas à IA.

IA em micro, pequenas e médias empresas

As micro, pequenas e médias empresas constituem a base da economia brasileira e muitas delas veem na IA uma oportunidade de otimizar operações e competir com grandes players. O estudo da Microsoft destacou que 77% dos tomadores de decisão em MPMEs observam melhoria na qualidade do trabalho após adoção de IA, 76% percebem aumento de produtividade e 70% acreditam que a tecnologia melhora a satisfação dos clientes. Além disso, 65% mencionaram impacto positivo na motivação e engajamento dos colaboradores. Esses benefícios resultam de aplicações simples, como assistentes virtuais para atendimento ao cliente (73%), pesquisas de internet (66%) e serviços personalizados (65%).

A familiaridade com a tecnologia é alta: cerca de 52% dos tomadores de decisão de MPMEs declararam estar extremamente ou muito familiarizados com IA. O movimento de investimento é liderado pelas empresas pequenas (10 a 99 funcionários), com 85% pretendendo investir ou ampliar investimentos em IA; nas microempresas (1 a 9 funcionários), o índice é 71%, enquanto nas médias (100 a 249 funcionários) é 64%. Esses dados revelam que a IA deixou de ser domínio exclusivo de grandes grupos e passou a integrar a agenda estratégica de organizações que buscam inovação e crescimento.

Visão dos CEOs e a reinvenção dos modelos de negócio

Embora as pesquisas mostrem entusiasmo e planos de investimento, os CEOs parecem conscientes de que a tecnologia por si só não garante sucesso. Na edição 2024 da pesquisa Global CEO Survey, a PwC destacou que um terço dos CEOs no Brasil e no mundo afirmam que a IA generativa contribuiu para aumento de receita e lucratividade, mas 45% dos líderes brasileiros acreditam que suas empresas não sobreviverão se não se reinventarem. Em termos de novos negócios, apenas 8% da receita de empresas brasileiras entre 2019 e 2024 provém de iniciativas lançadas nos últimos cinco anos, contra 7% na média global. Essa estatística reforça a necessidade de utilizar a IA para criar produtos e serviços inovadores, em vez de apenas melhorar processos existentes.

Cerca de 30% dos CEOs brasileiros e globais relataram que, nos últimos cinco anos, investimentos com baixo impacto climático resultaram em aumento de receita. A combinação de IA e sustentabilidade aparece, portanto, como uma oportunidade para desenvolver novos negócios que atendam às demandas de consumidores conscientes e requisitos regulatórios. Por outro lado, a falta de mão de obra qualificada foi apontada como a maior ameaça pelos líderes, demonstrando que a formação de profissionais especializados será essencial para sustentar a revolução tecnológica.

Desafios e barreiras à implementação de IA

O Panorama IA 2025 revela obstáculos concretos na expansão da IA. A segurança da informação é o maior desafio: 36% das empresas participantes citaram preocupações com segurança como barreira para adoção. A falta de profissionais qualificados aparece em seguida, mencionada por 35% das companhias. A dificuldade em medir o retorno sobre investimento (ROI) preocupa 32% dos entrevistados; outros fatores incluem resistência dos funcionários à mudança (24%), dificuldade de integração com sistemas existentes (23%) e falta de apoio da liderança (23%).

Outro problema é a desconexão entre a visão estratégica e os projetos de IA em desenvolvimento. Apesar de boa parte das empresas explorar a tecnologia, apenas 20% a consideram essencial para os negócios. Isso sugere que os projetos ainda não estão ancorados em uma estratégia clara e que a IA é vista, muitas vezes, como uma prova de conceito isolada. A disseminação de uma cultura de inovação e a definição de metas estratégicas para IA são, portanto, fundamentais.

Oportunidades e estratégias para novos negócios

Apesar dos desafios, a inteligência artificial oferece oportunidades para criar novos modelos de negócio. Benefícios de integrar a IA à estratégia empresarial incluem redução de custos operacionais, aumento de eficiência, melhoria na tomada de decisões, identificação de novas oportunidades de mercado e desenvolvimento de produtos e serviços inovadores.

Para aproveitar essas oportunidades, especialistas recomendam algumas estratégias:

  • Definir uma visão clara de IA: alinhar a adoção da tecnologia aos objetivos estratégicos da empresa ajuda a priorizar projetos com maior impacto e evita investimentos dispersos.
  • Começar com casos de uso específicos: selecionar problemas concretos, como redução de fraudes ou melhoria de atendimento ao cliente, permite demonstrar valor rapidamente e construir confiança interna.
  • Investir em qualificação e cultura de dados: capacitar colaboradores e incentivar a cultura de experimentação são passos fundamentais para que a IA seja adotada de forma ampla e responsável.
  • Estabelecer métricas e medir o ROI: definir indicadores de sucesso desde o início facilita o ajuste de estratégias e sustenta pedidos de novos recursos.
  • Desenvolver parcerias: colaborar com universidades, startups e provedores de tecnologia pode acelerar a curva de aprendizado e trazer soluções inovadoras para o negócio.

Casos de uso e exemplos práticos

A adoção de IA já transforma diversos setores da economia brasileira. Destacam-se os seguintes exemplos:

Setor financeiro – bancos e fintechs usam IA para análise de crédito, detecção de fraudes e personalização de ofertas. Modelos de machine learning permitem prever a probabilidade de inadimplência e identificar transações suspeitas em tempo real. Ferramentas de atendimento virtual auxiliam clientes a resolver problemas simples com agilidade, reduzindo o custo de atendimento humano.

Varejo e e‑commerce – empresas de varejo utilizam IA para recomendações de produtos, previsão de demanda e otimização de logística. Algoritmos analisam históricos de compra e padrões de consumo para sugerir produtos específicos, aumentando as taxas de conversão. Na logística, soluções baseadas em IA calculam rotas de entrega mais eficientes, reduzem o consumo de combustível e melhoram a experiência do consumidor.

Agronegócio – o setor agropecuário brasileiro incorporou sensores, drones e plataformas de IA para monitorar solos, clima e saúde das plantações. Dados meteorológicos e imagens de satélite auxiliam a identificar o melhor momento para irrigar ou colher, reduzindo custos e aumentando a produtividade. Isso cria oportunidades para startups de agricultura de precisão.

Indústria manufatureira – fábricas integram IA a sistemas de controle de qualidade e manutenção preditiva. Sensores conectados às máquinas monitoram vibração, temperatura e ruído, enquanto algoritmos alertam equipes de manutenção sobre possíveis falhas antes que causem paradas de produção. A IA também ajuda no planejamento de produção, ajustando a capacidade conforme a demanda.

Saúde – hospitais e clínicas exploram IA para diagnóstico assistido, gestão de estoque de medicamentos e triagem de pacientes. Algoritmos treinados com imagens médicas auxiliam médicos na detecção precoce de doenças, enquanto sistemas de aprendizado de máquina organizam dados de pacientes para priorizar atendimentos e alocar recursos de forma eficiente.

Educação – plataformas de aprendizado adaptativo usam IA para personalizar conteúdos, identificar dificuldades dos estudantes e sugerir trilhas de estudo individualizadas. Ferramentas de correção automática de avaliações liberam tempo de professores e permitem feedback imediato aos alunos.

Energia e sustentabilidade – empresas de infraestrutura utilizam IA para gerenciamento inteligente de redes elétricas, previsão de demanda e integração de fontes renováveis. Modelos preditivos analisam padrões de consumo e condições climáticas para ajustar a geração de energia e reduzir desperdícios. Além disso, a IA auxilia em análises de impacto ambiental, apoiando iniciativas sustentáveis.

Esses exemplos mostram que a IA se materializa em produtos e serviços que vão além da automação de processos internos. A combinação de algoritmos, dados e criatividade abre espaço para startups e grandes empresas conceberem soluções que atendam a necessidades emergentes e, ao mesmo tempo, criem novas fontes de receita.

Próximos passos

A adoção de inteligência artificial no Brasil vive um momento de entusiasmo e transição. A maioria das empresas planeja aumentar investimentos em IA nos próximos anos, motivada por expectativas de ganhos de eficiência, redução de custos e abertura de novos mercados. Contudo, ainda há um fosso entre intenção e maturidade: metade das organizações não utiliza IA de forma estruturada e apenas uma minoria consegue mensurar o retorno sobre os investimentos. Desafios como falta de profissionais qualificados, preocupação com segurança e ausência de métricas claras explicam esse descompasso.

Transformar a Busca por IA Novos Negócios em realidade exigirá visão estratégica, capacitação e governança. Empresas que aliarem IA à inovação de produtos e modelos de negócio terão maior chance de conquistar mercados inexplorados. A jornada inclui definir casos de uso relevantes, estabelecer indicadores, investir em talentos e construir parcerias com universidades, startups e provedores de tecnologia. Além disso, é fundamental adotar práticas de IA responsável, respeitando privacidade, ética e transparência.

O cenário brasileiro é promissor. A disposição de investir e a rápida disseminação de tecnologias como IA generativa criam um ambiente fértil para a criação de soluções originais e competitivas. O desafio é converter esse entusiasmo em projetos concretos, sustentáveis e alinhados à estratégia de longo prazo das empresas. As organizações que superarem as barreiras iniciais estarão mais preparadas para liderar a próxima onda de inovação e garantir sua relevância num mercado em constante transformação.

  1. Título: Empresas brasileiras planejam aumentar investimentos em IA e focam nuvem, aponta estudo da IBM
    Veículo: Exame
    URL:
    https://exame.com/
    Data da publicação: 4 de julho de 2025
  2. Título: Panorama IA 2025: 50% das empresas não utilizam IA de forma estruturada
    Veículo: Convergência Digital
    URL: https://www.convergenciadigital.com.br/
    Data da publicação: 17 de junho de 2025
  3. Título: Estudo mostra uso de IA nas empresas brasileiras: 93% não medem ROI
    Veículo: Mundo do Plástico
    URL: https://www.plastico.com.br/
    Data da publicação: junho de 2025
  4. Título: Pesquisa da Microsoft mostra otimismo das MPMEs brasileiras com IA
    Veículo: Microsoft Source (LATAM)
    URL: https://news.microsoft.com/
    Data da publicação:
    7 de maio de 2025
  5. Título: Global CEO Survey 2024: IA generativa aumenta receita, mas CEOs cobram reinvenção
    Veículo: PwC Brasil
    URL: https://www.pwc.com.br/
    Data da publicação: 21 de janeiro de 2024
Tags: IA, Inteligência Artificial, Investimentos, Novos Negócios, Transformação Digital
Publicidade Invisível nas Redes Sociais: Riscos e Soluções
LGPD Transferências Internacionais de Dados (SCCs ANPD): Como o prazo de agosto de 2025 impacta o Marketing Digital
ADVERTISING
keyboard_arrow_up